Opinião
Brasil das bananas
Por Nery Porto Fabres
Professor
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Chega a parecer loucura, no entanto não é não. A nossa política brasileira é um escárnio com o povo. Dizem que baixarão os preços disso e daquilo, que haverá hospital público e gratuito, que há inclusão social, que as universidades não irão cobrar taxas e mensalidades dos alunos de baixa renda, que o Fies é um fundo destinado à educação gratuita... blábláblá.
Tudo é narrativa, como diz o próprio protagonista desta série brasileira que retrata a política nua e crua. Estamos decorando as vitrines do caos, enfeitando a árvore da esperança, maquiando a pilantragem dos crimes de colarinho branco.
Neste Brasil fictício, cada cena pública é produzida com muito efeito especial. Muito barulho para distrair, cada subida no palco é um assalto ao Erário.
Porém, os aficionados por ilusão, e não falo de menos de 60% da população de eleitores, vivem para assistir esse teatro politiquês.
Agora chegou o ápice da dramaturgia política. Aqui e agora virão os personagens mais bizarros, haverá todo o tipo de comédia dantesca.
As campanhas de 2024 estarão almejando atingir o público que irá às urnas em 2026 para escolher o seu carrasco presidencial.
Este sistema de Brasil presidencialista, dentro de um Estado Democrático de Direito, é uma piada de mau gosto, ou ainda pior, é uma estratégia cruel.
Neste regime, os meios de comunicação atuam em favor do poder. Quem está com a caneta à mão e sentado na cadeira presidencial decreta o caminho das coisas.
Aí neste espaço, entre as assinaturas e negociações de acordos políticos, somem quantias volumosas da merenda escolar, dos hospitais públicos, do saneamento básico, da infraestrutura das estradas rurais e de tantos outros recursos indispensáveis para a manutenção do tal do Estado Democrático de Direito.
Todavia, o Estado divulga que os direitos do povo serão atendidos. Que este governo é fraterno, que a igualdade é a bandeira da democracia e a liberdade é a maior conquista desde a queda da ditadura militar... e mais blábláblá.
Quem não sofre com telemarketing cobrando dívidas do governo, quem não recebe e-mails de bancos do Estado Democrático de Direito impondo condições de pagamento de taxas, quem não recebe intimação da Receita Federal ditando ordens para obrigações tributárias? Isso seria um governo do povo, para o povo e com o povo? Claro que não!
Ora, a liberdade não existe, esse Estado de Direito prendeu, perseguiu, cassou mandatos e transferiu para o poder judiciário a missão de praticar a crucificação do povo.
Bem, que igualdade? Se não há gay no STF, não há negro e as mulheres foram substituídas por homens brancos e burgueses.
E como lá nesta casa do judiciário que só entra branco, macho e integrantes da alta sociedade, há essa visão para as demais composições desta sociedade machista, homofóbica e preconceituosa que carrega a bandeira da hipocrisia.
E como se pode falar em fraternidade se o presidente da República diz que quer "ferrar" senadores, ex-presidentes, promotores, policiais e juízes? Pois é!
Não é querer ser chato, mas pô! Não tem como sair à rua e não ver o desespero do povo atrás de emprego, de escolas para os filhos, de consultas médicas... tá tudo emperrado neste Brasil, tá tudo atirado às moscas.
Só falta mudar o nome do País para Brasil das bananas, porque aqui só se consegue médico com um empurrãozinho de um político, só se consegue matrícula na escola do filho da mesma forma.
Pois, somos bananas, pagamos impostos para os servidores públicos nos servirem e somos nós que os servimos.
Enfim, nos tiraram tudo e para alcançar algum direito básico, do Estado Democrático de Direito, temos de pagar com o voto ao sujeito que nos domina e está lá em alguma esquina do bairro, vestindo terno e gravata num diretório partidário chique.
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